quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O Xadrez
Não entram elementos do acaso: o bastante para me fazer desgostar do xadrez.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009
A Imagem do ano
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Minha professora é grotesca
Confira:
"O exagero, o hiperbolismo, a profusão, o excesso são, segundo opinião geral, os característicos mais marcantes do estilo grotesco"
KAYSER, Wolfgang. O Grotesco: seu estilo e sua configuração na literatura. São Paulo: Perspectiva, 2003. 162 p. (Stylus, 6)
Sobre o assunto, recomendo ainda a obra de Mikhail Bakhtin, A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais; o livro de Umberto Eco, História da Feiúra (este não li) e o livro de Muniz Sodré, O Império do Grotesco.
O assunto fascina. Interessantérrimo.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Uma história policial sendo escrita
(a professora pediu a mim e à Carolina um livro infanto-juvenil como parte da nota semestral da matéria de Literatura Infanto-Juvenil. Eis)
Esta é uma história policial. Mas as protagonistas não são policiais.
Geraldo é detetive. Emílio é um funcionário público aposentado, amigo de Geraldo. Eles tomam muito café. Até que um assassino surge na cidade. Quem será o assassino, meu Deus?
- Antes de saber quem faria isso, a pergunta é: por quê?
- Por que assassinar clientes de restaurantes?
- Não, seu tolo! Por que sempre às quintas-feiras! O cara só mata de quinta!
Emílio põe mais mostarda no pastel. Emílio adora mostarda. O canto da sua boca denuncia isto
E sempre às quintas-feiras.
- Hoje é quinta-feira, sabe o que acontece toda quinta-feira?
- É dia de futebol, não?
- Claro que não... hoje é dia de sabermos qual restaurante terá mais um cliente morto!
Emílio e Geraldo, um gordinho desocupado e um solitário homem de meia-idade, tentam descobrir quem anda matando os clientes dos restaurantes em pleno horário de almoço. Isso antes que a imprensa descubra.
Geraldo saca uma lupa do bolso interno do sobretudo para ler melhor. Faz muito calor. O sol entra pela janela da Brasília, rebate na lupa, e o raio de calor atinge o jornal. O jornal começa a abrir. Começa a pegar fogo. Geraldo, friamente, joga o jornal no cesto de lixo da calçada. Sobra apenas o caderno de esportes. Do mês passado.
Geraldo volta a ler o jornal. Lê sobre o placar do campeonato estadual de peteca. Emílio questiona. Ele gosta de questionar, já percebeu?
- Que sentido faz ler um jornal do mês passado, Geraldo?
- E que sentido faz a vida, Emílio?
Ele não esperava por essa. Olhares catatônicos de ambos os lados.
- Emílio, você nunca ouviu dizer por aí que as notícias são sempre as mesmas? Que os fatos se repetem? Então, eu compro jornal uma vez por mês. Leio, releio, e economizo o dinheiro do café.
Um livro a quatro mãos. Ou a duas, pois ambos somos destros apenas.
Em breve, após eu entregar à professora e receber a nota, vocês lerão o livro mais pretensioso do ano. Só que ele ainda não tem nome.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Trecho de crônica
do Nelson Rodrigues.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Vigília
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Volta
Um dia a questionaram como era que ela vivia, se davam aquelas moedas, se sustentavam uma casa. Ela dizia que pagavam mal o ônibus, um lanche. E por que voltar todo dia? É que um dia, ela dizia, um moço a chamou de linda. E ela vem todo dia saber se ele um dia volta.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Treslados
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Mais rapidinhas - Depois um cigarro e uma pizza
Má fase é quando você engasga com saliva, toma água pra desengasgar e acaba engasgando com a água.
Um golpe de direita dói tanto quanto um golpe de esquerda. Pergunte a um boxista.
A vida é um dom tão raro pra se desperdiçar nas aulas da faculdade...
O que é civilização?
Às vezes fico com a casmurra impressão de que só existe Machado de Assis na Literatura Brasileira.
A alegria de se entrar na faculdade não se compara à alegria de se sair dela.
Emagreça. Pergunte-me como.
Literaura Gay, na minha opinião, se enquadra na mesma categoria que Romance Espírita e Auto-ajuda Empresarial.
Tantos documentos e folhas na minha mesa que eu já tô quase endossando o café.
É um contrassenso chamar-se LER-QI uma organização onde os componentes não leem nem têm QI
Quando faz frio assim, eu fico pensando no pessoal que não tem onde morar e vive na rua.
Você não sabe o quanto me dói não ter um colega de trabalho pra almoçar comigo.
Eu sou Lucas. Julio Cortázar é meu alterego.
[mais uma foto, pra provar que sou marxista, de Groucho]
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Rapidinhas da semana (afinal, pra que ficar enrolando?)
algo mas não consegue, é sinal que ele não mais te pertence.
Os estudantes de Letras usam Bakhtin pra tudo, como se fosse um remédio,
como se fosse Bactrim.
Será que nesse controle remoto há um botão que faça aparecer alguém pra
conversar comigo?
Who's bad now, Michael?
Cena desoladora pós-desobrigatoriedade de diploma: o rosto dos estudantes
da Faculdade Casper Líbero, às 11 da noite.
Jornalista faz crítica literária em jornal sem ter diploma em Letras e
reclama qdo tiram a obrigatoriedade do diploma deles...
Vou entrar na moda hindu. Pra começar, tomando um Shivas Regal.
[pra encerrar, uma foto, sem motivo]
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Maria, um blogue esquecido
Um dos textos que eu postei na época se chama Dorinha, que segue:
Dorinha tinha lá uns putos no bolso. Exausta...
Viu uma padaria e entrou pois carecia de comer, por instinto ou para fins de curar ressaca. Da porta sentia o cheiro matinal do pãozinho quente e entrou na fila. Seu corpo ainda recendia ao cheiro do pecado do ontem-à-noite.
O baile-funk ainda martelava seus ouvidos, e aí ela se deu conta de que o pãozinho agora era vendido a quilo. Agora não duvidava de que o velho da padaria fizesse ela mastigar pedra pra poder ganhar mais dinheiro. E suas moedas, dos trocos, tão poucas...
- Me vê três cigarros soltos e uma caixinha de fósforo.
E Fiat Lux. Assim foi, desjejuando cigarros pelo caminho todo até em casa, onde, sem banho e sem pão, dormiu até as seis da tarde com martelos na cabeça.
Mas do que mais sinto falta nesse blogue é da companhia dos caras, o Roque e o Pato, grandes poetas, caras inteligentes, admiro-os muito, e caso você queira, pode acessar seus blogues clicando no nome dos caras.
Eles escrevem muito melhor que eu, eles devem sentir mais, e com certeza já leram muito mais, pra que pudessem atingir tanta fineza no escrever.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Quem é esse cara?
Melhor que responder é pedir para a pessoa ouvir a música dele, ou melhor, ver sua performance ao vivo.
De qualquer forma:
Rogério Skylab nasceu em 1968 (ou 58, sei lá), no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira musical em 1992, e desde então, vem compondo canções que mesclam a cultura trash ao rock decadente. O humor e o nonsense sempre fizeram parte das composições de Skylab, aliado à sua excêntrica performance de palco. Ele começou a ficar famoso após ir sucessivas vezes ao Programa do Jô, e ao se tornar, cada vez mais, um nome circulante em sites de relacionamento e downloads na internet. O cantor e compositor costuma vender seus CD's independentes em bancas de jornal e a fazer shows em lugares inóspitos dos grandes centros urbanos para levar a sua não-mensagem a quem não tiver nada melhor a fazer e resolver ir a seu show. O som de Skylab remonta à cultura trash brasileira dos anos 80 com pitadas de ultra-romantismo bem-humorado e, na maioria das vezes, escatológico. A frequência dos temas relativos à cultura de massa, aos programas televisivos e aos dramas de classe-média o tornam uma celebridade anti-cult, que não faz a mínima questão de esconder uma personalidade sequelada por indícios de alienação mental (loucura), mesmo que, às vezes, isso pareça teatro puro. Como tradutor da cultura da grande mídia e das grandes celebridades, esta personalidade psico-neurótica de Skylab também pode ser vista como falsidade, porém sem querer ser levado à sério como o Projac quer, muito até pelo contrário. O escatologismo e o grotesco nas canções Skylabianas são alegorias da liberdade para se pensar, cantar e dizer a merda que bem quisermos, libertando-nos de qualquer comedimento moralista; talvez por isso Skylab atraia tanto o público jovem, saudosista do kitsch dos anos 80 brasileiro (de ursinho blau-blau, Palhaço Bozo, o yin-yang de Xuxa com Pelé e afins). Remontando aos textos de Rabelais, podemos defender que o cocô liberta de muita coisa, entre outras, da prisão de ventre. Canções como 'Carrocinha de cachorro-quente', 'Você é feia', 'Cu e boca', mostram nossos recalques, que achamos que não faz sentido e que deve ser rapidamente apagado da cabeça, de tão feio que é (imagina, dizer que cu e boca é tudo a mesma coisa...).
[o site dele: clique
e aqui, um vídeo dele cantando & encenando]
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Novíssimo Lexiglossário Propedêutico do Lucas
Separei para vocês duas entradas do meu dicionário:
Alefabeto – sm. 1. pessoa que sofre de Alefabetismo, ou Literacia (q.v. Literacia). 2. Diz-se da pessoa que esquece com frequência o nome das coisas, e que se comunica valendo-se excessivamente dos termos "negócio" e "coisa".
Literacia – sf. 1. primeiro estágio do Mal de Aspargos, onde se dá o esquecimento da denominação de objetos e sentimentos. 2. perda da memória linguística, agramaticalismo progressivo.
rolou uma identificação?
[abaixo, um nanquim sobre papel + Photoshop de minha autoria]
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Tipologia
As coisas estão postas. O que a gente põe nelas: interpretação.
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sexta-feira, 19 de junho de 2009
Luta de Classes
O poder, não quero o poder.
Eu me nego a lutar pela causa, qualquer causa. Eu me nego a lutar.
Perde-se vida procurando a resposta, mas esquece-se que a resposta está no próprio procurar, ou mesmo na pergunta.
Yuri Gagarin disse que a Terra era azul e que não viu Deus: claro, porque estava olhando para a Terra, e não para dentro de si.
Só acredito no Deus que sabe dançar.
Um livro vale menos que um suspiro.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Pá pará papará... laiá laiá...
Um dia eu resolvi ligar pro João Gilberto.
Nem acreditei, ele mesmo atendeu o telefone da casa dele.
Eu me identifiquei, conversamos um pouco, ele sempre bem calado, mais ouve que fala. Combinou de, quando vier a São Paulo, dar uma passada na minha casa.
Assim como Elba, Sartre e outros, estou esperando até hoje.
Mentira, claro. Mas há que hoje o Joca faz 78 anos. E eu nem liguei pra ele pra dar os parabéns.
Parabéns pra a gente, que gosta muito dele, e daquele instrumento novo que ele inventou com a voz e o violão.
[abaixo - Insensatez, ao vivo]
sexta-feira, 5 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
Blogue do GAIA
E temos um blogue também.
Essa semana as postagens ficam por minha conta; a cada dia um novo alguma coisa.
Hoje eu comecei com um comentário sobre um soneto de Olavo Bilac.
(nota-se minha preocupação com a educação escolar etc.)
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac = um verso alexandrino perfeito.
Visita lá! tem dicas boas de muitas infinidades de eventos e coisas relapsas:
http://movimentoculturalgaia.wordpress.com
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Redação de uma criança do 3° ano.
Mês passado eu fui chamado para aplicar um simulado de prova em uma escola de Ensino Fundamental I (1° ao 5° ano) num município do interior de São Paulo.
A escola era pequenina, somente seis salas de aula havia. Os alunos cumprimentavam cada pessoa que entrava na sala com um "Bom dia, seja bem vindo!", em pé, com as mãos para trás, em posição de hino nacional. Saíam para o intervalo em fila, cantando, com a mão direita no ombro do colega da frente. No fundo da escola, um cavalo pastando e uma plantação enorme de alfaces. Lá faz muito frio.
Na parte da redação, a proposta para os alunos era a de elaborar uma carta a alguém que estivesse distante. Esta redação é de um aluno do 3° ano do Ensino Médio (antiga 2ª Série). Copiei correndo, escondido, assim que recolhi as provas, de tão bela que achei, e destoante das outras.
F. S. – 3° ano
Gustavo volte de unberlândia para nos jogar no seu video game e nos melecar na guerra de lama e jogar futebol e nadar na Piscina volte por favor se não vou jogar um monte de lama na sua cabeça e no seu aniversario vou jogar um monte de ovos em você alembra do dia que nos caimos do barranco e se ralamos todos e do dia da corrida de carrinho de rolêma que nos costruimos e agora o carrinho já esta todo quebrado ai se você estivesse aqui e alembra do cacho de abelhas que nos quebramos nossa a gente esteve que sair correndo tchau.
Me impressionou (o professor pediria impressionou-me) a liberdade e o fio do raciocínio que o garoto tem. Um assunto vai puxando o outro, de maneira que chega um momento onde não sabemos se ele está continuando o raciocínio anterior ou está iniciando outro. Até porque não há pontuação. Eu acho isso maravilhoso.
Alguém reparou que ele grafa video game corretamente, mas não o faz com rolemã?
Achei curioso, ao contrário do esperado "se melecar", ele usou "nos melecar na lama". Esperado porque eu falo assim, talvez. Ele não. Entende? O menino sabe o que é saudade, saudade de um amigo.
Passei onze anos na escola, mais quatro na faculdade, e minha gana é alcançar o estilo da escrita analógica deste garoto. É uma pena pensar que essa criatividade e sinceridade será castrada pela figura do professor, que o aluno passará a odiar a língua após as aulas de análise sintática e preenchimento de lacunas.
Fica um pedido: caro professor, quando for corrigir as redações de seus alunos, avalie mais que a gramática, avalie a criatividade e a capacidade de lembrar das coisas boas que esse aluno viveu. Pode ser que você não forme um gramático ou um retórico, mas é possível que, se você der espaço para a expressão de um sentimento e ensinar o valor, o peso e a magia de cada palavra, você forme uma pessoa capaz de sentir, coisa que a gente não vê muito por aí. Quem sabe você não forma um artista?
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Entrevista Exclusiva – Mãe Dináh
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Poet du Jazz; 21 anos...
Há exatamente 21 anos, hoje, um dia depois da minha chegada ao mundo, despencava do seu apartamento em Amsterdam o Chet Baker.
Quando eu tinha uns 5 ou 6 anos, na coleção de cds do meu tio eu via um álbum com o rosto dele na capa, aquela cara de garoto, e lembro que quando ouvi a voz dele me pareceu que eu já havia ouvido aquela voz antes, e sempre que eu ouço parece que eu já ouvi aquela voz antes.
Chet Baker, assim como eu, ouvia muito Miles Davis, depois acabou influenciando muita gente, até mesmo a bossa nova brasileira. Ele tem uma canção, "I Fall in love too Easily", que lembra muito aquela música do Tom Jobim, "Triste" (Triste é viver na solidão... lembra?), ou aquela em que o João Gilberto canta a famosa frase do filósofo Pascal (O coração tem razões que a própria razão desconhece...). A música se chama "Aos pés da Cruz".
Ah... essa voz...
Chet empunhava o trompete como um símbolo fálico, essa é que é a verdade.
Tem aqueles versos do Roberto Piva: "eu vejo Brama sentado em flor de lótus/ Cristo roubando a caixa dos milagres/ Chet Baker ganindo na vitrola " (Visão de São Paulo à noite).
Tem um monte de coisa.
E eu só dividi o mundo com ele um só dia, entre 12 e 13 de Maio.
Era um cara que vivia pela heroína e pelo jazz, mais pela heroína que pelo jazz. Foi chamado, por conta da beleza, da suavidade da voz, daquele aroma tátil que saía do trompete, de "Poeta do Jazz". Chet Baker era um alquimista, a reencarnação de Rimbaud. Apolíneo e Dionisíaco.
Acontece que faz 21 anos que ele se desequilibrou, ou que foi empurrado, ou que se jogou, faz 21 anos que eu estou despencando daquela sacada, no seu apartamento, em Amsterdam.