sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Volta

Todos os dias, em um cruzamento da cidade, onde fica uma mulher pedindo dinheiro, obesa, desajeitada. Ao fechar o farol ela se apresenta apenas com gestos cerimoniais, sem falar nada, mas não é muda. Passa com a mão estendida, de carro em carro, colhendo moedas. Ela é simpática, conversa com quem passa, lunar, alheia. Contrasta com sua calma o mau humor dos motoristas, a maldade dos taxistas que chamam ela de louca.
Um dia a questionaram como era que ela vivia, se davam aquelas moedas, se sustentavam uma casa. Ela dizia que pagavam mal o ônibus, um lanche. E por que voltar todo dia? É que um dia, ela dizia, um moço a chamou de linda. E ela vem todo dia saber se ele um dia volta.

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