sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sem o sexo

Sem o sexo haveria muito menos coisas a fazer. Não teríamos joalherias, não bordaríamos rendas, não serviríamos a comida em travessas de prata, não ergueríamos quartos de hotel em pontões sobre lagoas tropicais. A maior parte da economia deixa de fazer sentido sem o sexo como força motora ou agente organizador. As energias dos pregões, os vestiários com folhas de ouro da Dior na Bond Street, os encontros no Museu de Arte Moderna, os bacalhaus negros servidos no terraço dos restaurantes japoneses – para que serve tudo isso senão para ajudar nos processos que acabarão por levar duas pessoas a fazer amor num quarto escuro enquanto sirenes gritam na rua abaixo?

Allain de Botton. Como pensar mais sobre sexo. Trad. Cristina Paixão Lopes. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 141.