quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Treslados

Uns tomam alegria, outros desastre. Eu tomo assombro. Três vezes ao dia, em conta-gotas cavalares. Recebo uma semioverdose que nem mil avemarias tirariam do meu corpo. Até que se desfaz em neblina o sorriso da anfetamina, e vou trabalhar sozinho - como se vem ao mundo, como se morre. Irradiado de palavras, sigo, pela avenida, de segunda a sexta, irradiado de palavras. Nem que tivesse três corações, dois cérebros, um pulmão. Nem que tivesse um livro embaixo do braço. Uns tomam anfetamina, outros adrenalina. Há aqueles que tomam sintéticos. Eu, de domingo a domingo, três ou quatro vezes ao dia, tomo assombro.

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