sexta-feira, 7 de março de 2014

O casamento do céu e do inferno

[Chapa 11]

Os poetas da Antiguidade atribuíam a condição de Deuses ou Gênios a todas as coisas vivas, chamando-as por nomes e adornando-as com as propriedades dos bosques, rios, montanhas, lagos, cidades, nações, e o que mais seus numerosos e amplificados sentidos podiam perceber.

E de modo especial, estudavam a índole de cada cidade ou país, colocando-a sob a proteção de sua divindade mental.

Até que se formou um sistema do qual alguns se aproveitaram e escravizaram o vulgo, tentando dar forma às deidades mentais ou abstraí-las de seus objetos; assim surgiu o Sacerdócio.

Extraindo formas de cultos das lendas poéticas.

Até finalmente proclamarem que os Deuses haviam ordenado tais coisas.

E foi assim que os homens esqueceram que Todas as divindades residem no coração humano.

  

Blake, William. O casamento do céu e do inferno. Trad.: Ivo Barroso. São Paulo: Hedra, 2008. p. 39.