sexta-feira, 17 de julho de 2015

Janaína


Janaína vive no rio,
vive no açude,
vive no mar.
Lembrou-se de vir passear:
nas ôndias passou dendê.
As ôndias se acomodaram.
Cavalo-marinho veio
para ela se amontar.
No cavalo se amontou
galopando descuidada,
acordando os afogados,
dando adeus à maré grande.
Botando nome nos peixes,
ouvindo a fala dos búzios.
No ventre de Janaína
as escamas estão brilhando.
Nos olhos de Janaína,
na cauda de Janaína
tem cem doninhas pulando.
Nos peitos de Janaina
tem dois langanhos babando.
Se Janaína sorri
as ôndias ficam banzeiras.
Se Janaína está triste
o mar começa a espumar,
a pegar gente na praia
pra Janaína afundar.
– Janaína dá licença
que eu me afogue no seu mar?

Jorge de Lima. "Janaína" in: Antologia Poética. SP: Cosac Naify, 2014. pp.108-9



"Mermaids?" Ayla asked in shock. "But there's no such thing." "They're quite real all right," Sam countered.

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