terça-feira, 6 de abril de 2010

A República.

Logo, o homem justo revela-se-nos, ao que parece, como uma espécie de ladrão, e isso é provável que o tenhas aprendido em Homero. Efectivamente, ele tem grande estima pelo avô materno de Ulisses, Autólico, e afirma que ele excedia todos os homens em roubas e em fazer juras. Parece, pois, que a justiça, segundo a tua opinião, segundo a de Homero e a de Simónides, é uma espécie de arte de furtar, mas para vantagem de amigos e dano de inimigos. Não era isso que dizias?


Platão. Livro I in: A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 8ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. p.15

Este é Sócrates, um dos meus personagens favoritos, dando uma lição de moral em Polemarco nas primeiras páginas de A República. Algo me diz que essa noção de justiça como benefício dos interesses próprios permanece bem atual. Tanto que se cristalizou naquela famosa expressão: aos meus amigos tudo, aos meus inimigos a lei, que eu não me recordo de que origem provém.

Este livro promete.

2 comentários:

  1. Livro foda. Em poucas vezes a literatura atingiu tal brilho filosófico e a filosofia atingiu tal brilho literário.

    ResponderExcluir
  2. literatura, você não escreve mais?

    ResponderExcluir