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Não me parece inverossímil que em alguma estante do universo haja um livro total; rogo aos deuses ignorados que um homem - só um, ainda que seja, há milhares de anos! - haja o examinado e lido. Se a honra e a sabedoria e a felicidade não são para mim, que sejam para outros. Que o céu exista, ainda que meu lugar seja o inferno. Que eu seja ultrajado e aniquilado, mas que em um instante, em um ser, Tu, enorme Biblioteca, se justifique.
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As epidemias, as discórdias heréticas, as peregrinações que inevitavelmente se degeneram em bandoleirismo, dizimaram a população. Creio ter mencionado os suicídios, a cada ano mais frequentes. Talvez a velhice e o temor me enganem, mas suspeito que a espécie humana - a única - está por extinguir-se e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvil, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta.
BORGES, Jorge Luis. "La Biblioteca de Babel" in: Ficciones. Buenos Aires: Emecé Editores, 2005. p. 105-120 (tradução nossa)
"Passage Choiseul" (1990), Erik Desmazières.
Não conheço Desmazieres, mas para mim Borges é muito Escher.
ResponderExcluirmeu professor nos falou dessa biblioteca q coisa de loco, Borges arrasou com esse conto.....
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