Meu primeiro Blogue foi uma união com dois amigos da faculdade, e era o Maria, que anda abandonado, ninguém posta faz mais de ano. O nome fui eu quem deu. Maria é nome de mulher.
Um dos textos que eu postei na época se chama Dorinha, que segue:
Dorinha tinha lá uns putos no bolso. Exausta... Viu uma padaria e entrou pois carecia de comer, por instinto ou para fins de curar ressaca. Da porta sentia o cheiro matinal do pãozinho quente e entrou na fila. Seu corpo ainda recendia ao cheiro do pecado do ontem-à-noite. O baile-funk ainda martelava seus ouvidos, e aí ela se deu conta de que o pãozinho agora era vendido a quilo. Agora não duvidava de que o velho da padaria fizesse ela mastigar pedra pra poder ganhar mais dinheiro. E suas moedas, dos trocos, tão poucas... - Me vê três cigarros soltos e uma caixinha de fósforo. E Fiat Lux. Assim foi, desjejuando cigarros pelo caminho todo até em casa, onde, sem banho e sem pão, dormiu até as seis da tarde com martelos na cabeça.
Mas do que mais sinto falta nesse blogue é da companhia dos caras, o Roque e o Pato, grandes poetas, caras inteligentes, admiro-os muito, e caso você queira, pode acessar seus blogues clicando no nome dos caras.
Eles escrevem muito melhor que eu, eles devem sentir mais, e com certeza já leram muito mais, pra que pudessem atingir tanta fineza no escrever.
Me perguntaram quem é o Rogerio Skylab, e por que eu falo tanto dele nas conversas.
Melhor que responder é pedir para a pessoa ouvir a música dele, ou melhor, ver sua performance ao vivo.
De qualquer forma:
Rogério Skylab nasceu em 1968 (ou 58, sei lá), no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira musical em 1992, e desde então, vem compondo canções que mesclam a cultura trash ao rock decadente. O humor e o nonsense sempre fizeram parte das composições de Skylab, aliado à sua excêntrica performance de palco. Ele começou a ficar famoso após ir sucessivas vezes ao Programa do Jô, e ao se tornar, cada vez mais, um nome circulante em sites de relacionamento e downloads na internet. O cantor e compositor costuma vender seus CD's independentes em bancas de jornal e a fazer shows em lugares inóspitos dos grandes centros urbanos para levar a sua não-mensagem a quem não tiver nada melhor a fazer e resolver ir a seu show. O som de Skylab remonta à cultura trash brasileira dos anos 80 com pitadas de ultra-romantismo bem-humorado e, na maioria das vezes, escatológico. A frequência dos temas relativos à cultura de massa, aos programas televisivos e aos dramas de classe-média o tornam uma celebridade anti-cult, que não faz a mínima questão de esconder uma personalidade sequelada por indícios de alienação mental (loucura), mesmo que, às vezes, isso pareça teatro puro. Como tradutor da cultura da grande mídia e das grandes celebridades, esta personalidade psico-neurótica de Skylab também pode ser vista como falsidade, porém sem querer ser levado à sério como o Projac quer, muito até pelo contrário. O escatologismo e o grotesco nas canções Skylabianas são alegorias da liberdade para se pensar, cantar e dizer a merda que bem quisermos, libertando-nos de qualquer comedimento moralista; talvez por isso Skylab atraia tanto o público jovem, saudosista do kitsch dos anos 80 brasileiro (de ursinho blau-blau, Palhaço Bozo, o yin-yang de Xuxa com Pelé e afins). Remontando aos textos de Rabelais, podemos defender que o cocô liberta de muita coisa, entre outras, da prisão de ventre. Canções como 'Carrocinha de cachorro-quente', 'Você é feia', 'Cu e boca', mostram nossos recalques, que achamos que não faz sentido e que deve ser rapidamente apagado da cabeça, de tão feio que é (imagina, dizer que cu e boca é tudo a mesma coisa...).
Separei para vocês duas entradas do meu dicionário:
Alefabeto – sm. 1. pessoa que sofre de Alefabetismo, ou Literacia (q.v. Literacia). 2. Diz-se da pessoa que esquece com frequência o nome das coisas, e que se comunica valendo-se excessivamente dos termos "negócio" e "coisa".
Literacia – sf. 1. primeiro estágio do Mal de Aspargos, onde se dá o esquecimento da denominação de objetos e sentimentos. 2. perda da memória linguística, agramaticalismo progressivo.
rolou uma identificação?
[abaixo, um nanquim sobre papel + Photoshop de minha autoria]