segunda-feira, 16 de julho de 2012

The Graduate


Diferente do que pode parecer, o filme The Graduate ("A primeira noite de um homem") não trata de uma história de amor verdadeiro. O protagonista é um playboy virgem e ingênuo, recém-formado, que se envolve com uma mulher mais velha, esposa do sócio de seu pai. Acontece que depois ele se apaixona pela filha da tal mulher mais velha. O que move Benjamin é o desafio de se envolver com estas duas mulheres. Fica nítido em seu olhar na cena final o ar de: e agora, que há depois disso?

The Graduate é um filme de 1969 que antecipa a fotografia colorida e o vestuário dos anos 70. A trilha sonora, Simon & Garfunkel, é magnífica. Posso dizer que a música e também a atuação do Dustin Hoffmann como o garotão que pilota seu carro na autoestrada em busca da mulher que deseja é o que há de melhor no filme, mais que a história em si.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Borges e o romance


Mesmo assim, apesar de sua universalidade formal e da vertiginosa amplitude de seu leque de alusões, a estrutura da arte de Borges tem graves lacunas. Somente uma vez, no conto “Emma Zunz”, Borges criou uma mulher plausível. Em toda a obra restante, as mulheres são os objetos indistintos de fantasias ou recordações masculinas. Mesmo entre os homens, as linhas de força imaginativa numa ficção de Borges são extremamente simplificadas. (…) Quando aparece uma terceira pessoa, será quase invariavelmente, obliquamente, a alusão a uma presença, uma lembrança ou um rápido vislumbre instável na retina. O espaço de ação onde se move uma figura de Borges é mítico, nunca social. Quando se introduz um local, uma posição ou uma circunstância histórica, aparece em toques soltos, exatamente como num sonho. (…) São essas lacunas, essas intensas especializações na consciência, penso eu, que explicam as desconfianças de Borges em relação ao romance. Ele volta ao tema com frequência. Afirma que um autor obrigado pela visão fraca a compor mentalmente e, por assim dizer, de um só impulso, deve se restringir a narrativas muito breves. E é verdade que as primeiras “Ficciones” importantes se seguem ao grave acidente que Borges sofreu em dezembro de 1938. Ele também julga que o romance, como o poema épico que o precedeu, é uma forma transitória: “O romance é uma forma que pode passar, que certamente passará, mas não creio que o conto passará […] Ele é muito mais antigo”. É o contador de histórias na estrada, o skald, o narrador dos pampas, homens cuja cegueira é muitas vezes uma declaração do brilho e da riqueza de vida que viveram, que encarnam a noção de escritor de Borges. Homero é invocado amiúde como ícone protetor. Claro. Mas é da mesma maneira provável que o romance represente precisamente as principais dimensões faltantes em Borges. A presença feminina bem construída, as relações das mulheres com os homens fazem parte da essência da ficção plena. (…) Há muito de simples engenharia num romance.

STEINER, George. “Tigres no espelho” in: Tigres no espelho e outros textos da revista New Yorker. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Biblioteca Azul, 2012. pp. 213-214.